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Martiniano era um monge eremita, mas acabou se tornando um andarilho para que o pecado nunca o achasse "em endereço fixo".
Martiniano era natural da Cesaréia, na Palestina, nasceu no século
quatro. Desde a tenra idade decidiu ligar sua vida à Deus e aos dezoito
anos ingressou numa comunidade de eremitas, não muito distante da sua
cidade, onde se entregou à vida reclusa e viveu durante sete anos. A
fama de sua sabedoria percorreu a Palestina e Martiniano passou a ser
procurado por gente de todo o país que lhe pedia conselhos, orientação
espiritual, a cura de doenças e até a expulsão de maus espíritos.
Ganhou fama de santidade e essa fama atraiu Cloé, uma jovem cortesã.
Cloé era milionária, bela e conhecida como uma mulher de costumes
arrojados e pouco recomendáveis. Fez uma espécie de aposta em seu
círculo de amizades e afirmou que faria o casto monge se perder. Trocou
suas roupas luxuosas por farrapos e procurou Martiniano, pedindo abrigo.
Ele deixou que entrasse, acomodou-a e foi para os aposentos do fundo da
casa, onde rezou entoando cânticos de louvor ao Senhor, antes de se
recolher para dormir.
Mesmo assim, Cloé não desistiu. Pela manhã trocara os farrapos por uma
roupa muito sensual, aguardando o ingresso do monge nos aposentos
internos da casa. Ela, então, utilizou argumentos espertos tentando
seduzir Martiniano, mas, ao invés disso, acabou sendo convertida por
ele. Cloé a partir de então, se recolheu ao convento de Santa Paula, em
Belém, passando ali o resto de seus dias. E se santificou na vida
religiosa consagrada a Deus.
Por sua vez, Martiniano, que chegou a sentir-se tentado, mudou-se dali
para uma ilha. Porém, certa vez, naquelas águas que rodeavam a ilha
ocorreu um naufrágio de um navio e uma jovem passageira chamada Fotinia
que se salvou lhe pediu abrigo. Ele consentiu que ela ficasse, mas para
não sentir a tentação novamente abandonou o lugar a nado, apesar do
continente ficar muito distante. A tradição diz que ele não nadou, mas
que Deus mandou dois delfins para apanhá-lo e levá-lo à terra firme, são
e salvo.
O fato é que, depois disso, tomou uma decisão radical, tornou-se
andarilho para nunca mais ter de abrigar ninguém e ser tentado pelo
pecado. Vivia da caridade alheia e morreu em Atenas, no ano 400, depois
de parar a caminhada numa igreja da cidade. Sabia que o momento chegara,
recebeu os sacramentos e partiu para a Casa do Pai serenamente e na
santa paz.
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