Jesus saiu da região que fica perto da cidade de Tiro, passou por Sidom e pela região das Dez Cidades e chegou ao lago da Galiléia. Algumas pessoas trouxeram um homem que era surdo e quase não podia falar e pediram a Jesus que pusesse a mão sobre ele. Jesus o tirou do meio da multidão e pôs os dedos nos ouvidos dele. Em seguida cuspiu e colocou um pouco da saliva na língua do homem. Depois olhou para o céu, deu um suspiro profundo e disse ao homem:
- "Efatá!" (Isto quer dizer: "Abra-se!")
E naquele momento os ouvidos do homem se abriram, a sua língua se soltou, e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus ordenou a todos que não contassem para ninguém o que tinha acontecido; porém, quanto mais ele ordenava, mais eles falavam do que havia acontecido. E todas as pessoas que o ouviam ficavam muito admiradas e diziam:
- Tudo o que faz ele faz bem; ele até mesmo faz com que os surdos ouçam e os mudos falem!
CONTEMPLAÇÃO
Jesus vem para libertar das amarras da exclusão
Jesus atravessa as aldeias do mesmo modo como passa pela vida de cada um de nós: fazendo o bem, revelando o rosto misericordioso de Deus e suscitando a fé na vida. O território é pagão, modo de o texto afirmar o chamado dos gentios à salvação. O texto não nos diz quem são os que conduzem a Jesus o surdo que tinha muita dificuldade em falar. No entanto, há de supor que se trata de pessoas que creem no poder de Jesus, pois o que eles pedem é que o Senhor lhe imponha as mãos. Os dedos transmitem o poder (cf. Ex 8,15) que abre os ouvidos (cf. Sl 40,7). A propriedade terapêutica da saliva, sobretudo cicatrizante, já era conhecida na antiguidade. É do céu que vem a ajuda, por isso o “gemido” é expressão da súplica a Deus (cf. Rm 8,26). Os gestos são acompanhados da palavra que liberta: “Abre-te!”. A palavra dá o significado dos gestos. A cura remete o leitor ao advento messiânico em que a realidade é transformada (cf. Is 35,5-6). O enorme espanto que se apossa da multidão a faz dizer algo que evoca o relato da criação (Gn 1,10.12.18.21.31). Em Jesus Cristo se dá, efetivamente, uma nova criação; ele devolve à criatura a possibilidade de reconhecer que Deus fez tudo bem.
OREMOS!
Pai, livra-me do isolamento a que o pecado quer me reduzir. Só assim irei recuperar a plena capacidade de estar em comunicação profunda contigo e com o meu próximo. Amém!
Eulália, nasceu nas proximidades da cidade de Barcelona, no ano 290.
Pertencia a uma família da nobreza espanhola e seus pais viviam numa
vasta propriedade na periferia daquela movimentada corte. Cobriam a
menina Eulália com todo amor, carinho e mimos, quase sufocando a pequena
que já na tenra idade resplandecia em caráter.
Humilde, sábia, prudente e muito inteligente era a caridade em pessoa.
Dedicava um extremo amor à Jesus Cristo, para o qual despendia muitas
horas do dia em virtuosas orações. Costumava ficar no seu modesto
quarto, reunida com suas amiguinhas, entoando cânticos e hinos de louvor
ao Senhor, depois saíam para distribuir seus melhores pertences às
crianças pobres das imediações, que sempre batiam à sua porta.
Entrou para a adolescência, aos treze anos, no mesmo período em que
chegava à Barcelona a notícia da volta à terrível perseguição contra os
cristãos, decretada para todos os domínios do Império. Quando os
sanguinários dos imperadores romanos Diocleciano e Maximiano souberam da
rápida e veloz propagação da fé cristã, nas longínquas terras
espanholas, onde até então era rara esta fé, decidiram e mandaram o mais
cruel e feroz de seus juízes, chamado Daciano, para acabar com aquela
"superstição".
Temendo pela vida de Eulália, seus pais decidiram levá-la para uma outra
propriedade mais afastada, onde poderia ficar longe dos soldados que
andavam pelas ruas caçando os cristãos denunciados.
Eulália considerou covardia fugir do poder que exterminava os irmãos
cristãos. Assim, altas horas da noite e sem que sua família soubesse,
fugiu e se apresentou espontaneamente ao temido juiz, como cristã.
Consta inclusive que teria dito: "Querem cristãos? Eis uma".
Como queria, na impetuosidade da adolescência, foi levada a julgamento.
Ordenaram novamente que ela adorasse um deus pagão, dando-lhe sal e
incenso, para que depositasse ao pé do altar. Eulália, ao invés,
derrubou a estátua do deus pagão, espalhando para longe os grãos de
incenso e sal. A sua recusa a oferecer os sacrifícios deixou furioso
Daciano, que mandou chicoteá-la até que seu corpo todo ficasse em chagas
e sangrando. Depois foi queimada viva com as tochas dos carrascos. Era
12 de fevereiro de 304.
Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Maria das Arenas, mais tarde
destruída durante um incêndio. Mas suas relíquias se mantiveram intactas
e foram ocultadas durante a dominação dos árabes muçulmanos, quando o
culto cristão era proibido.
O culto à Santa Eulália foi mantido principalmente em Barcelona onde é
muito antigo. De lá, acabou se estendendo por toda Espanha atravessando
as fronteiras, para além da França, Itália, África enfim atingiu todo o
mundo cristão, oriental e ocidental. Ela costuma ser festejada na
diocese de Mérida em 10 de dezembro, cidade de seu martírio. Santa
Eulália é co-padroeira da cidade de Barcelona, ao lado da Virgem das
Mercês.